Psiquiatria - Perguntas respondidas
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A clássica separação que se fazia, em Psiquiatria e Neurologia entre transtornos "Orgânicos" e "Psíquicos", com o maior conhecimento sobre o funcionamento cerebral, cada vez perde mais o sentido. Imagino que a sua pergunta se refere a Enfermidades ou Transtornos que poderiam produzir o sintoma "alucinações visuais". Eu diria que tanto a adequada caracterização deste sintoma, quanto a subsequente avaliação de uma possível etiologia (causa) estariam a exigir adequada e detalhada avaliação médica, Psiquiátrica e Clínica.
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O Classificação Interna de Doenças, da Organização Mundial da Saúde (OMS) define os transtornos mentais orgânicos como sendo um agrupamento que "compreende uma série de transtornos mentais reunidos tendo em comum uma etiologia demonstrável tal como doença ou lesão cerebral ou outro comprometimento que leva à disfunção cerebral".
Ou seja, apesar de grande parte (ou a maioria) dos transtornos psiquiátricos classificados ter origem cerebral, o conceito de organicidade se refere à possibilidade de se encontrar uma lesão ou alteração funcional como causa da alteração psiquiátrica. Certamente se trata de um conceito grosseiro, pois à medida que se forem descobrindo as causas dos transtornos psiquiátricos, este agrupamento vai aumentar de tamanho. Por outro lado, há uma diferença prática, no sentido de que, nos casos dos transtornos mentais orgânicos, muitas vezes é possível combater a causa - e não apenas controlar o transtorno, como ocorre nos transtornos restantes. Assim, se for observado que uma depressão possivelmente decorreu de um acidente vascular cerebral (AVC) ou um quadro alucinatório proveio de um foco epiléptico, os tratamentos não serão baseados apenas no uso das medicações psiquiátricas habituais.
O Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana, em sua quinta edição (DSM 5) não utiliza o termo "transtorno mental orgânico", mas o conceito se mantém, na medida em que vários transtornos listados tem um item "devido a outra condição médica", que conceitualmente é o mesmo que o transtorno mental orgânico.
Dito isto, em relação especificamente à sua pergunta, pode-se dizer que pode haver muitas causas "orgânicas" de alucinações visuais. Aliás, apesar de haver descrição de alucinações visuais em pacientes esquizofrênicos, a predominância de alucinações visuais por si só já aumenta as suspeitas de causa "orgânica". As causas são muitas mas, como exemplo, podem ser mencionadas as seguintes.
- crises epilépticas;
- enxaquecas;
- tumores;
- AVC;
- infecções cerebrais ou em outras áreas do organismo, mas que indiretamente afetem o cérebro, por exemplo através da liberação de toxinas;
- aneurismas cerebrais;
- intoxicação medicamentosa ou por abuso de substâncias. -
As causas são inúmeras:
- crises epilépticas;
- enxaquecas graves;
- tumores no sistema nervoso central;
- Acidente Vascular Cerebral (derrame);
- infecções cerebrais tipo meningites ou encefalites;
- infecções em outras áreas do organismo, mas que indiretamente afetem o cérebro, por exemplo através da liberação de toxinas;
- aneurismas cerebrais;
- intoxicação medicamentosa;
- abuso de substâncias ou drogas ilícitas, especialmente LSD, cogumelos alucinógenos, anfetaminas e maconha.
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Primeiramente, é necessário que se esclareça seu diagnóstico, pois depressão com muitas oscilações de humor pode ser realmente uma depressão, como também algum transtorno do espectro bipolar, que teria tratamento diferente. Além disto, por vezes pacientes referem que têm depressão, mas não preenchem critérios suficientes para um diagnóstico. Traduzindo, nem sempre que uma pessoa tem um profundo desânimo ou tristeza a psiquiatria faz um diagnóstico de depressão. Este diagnóstico só é feito de acordo com a gravidade, número e duração dos sintomas.
 
Vontade de dormir para esquecer é uma queixa que precisa ser explorada pois, além da possibilidade da depressão, pode haver questões psicológicas envolvidas.
 
Em relação à síndrome do pânico, também, é frequente pessoas virem com este diagnóstico sem, na verdade, saberem do que se trata. O "transtorno de pânico" (o nome correto) só é diagnosticado se houver uma determinada quantidade, gravidade e frequência de sintomas.
 
Se todos os diagnósticos que você menciona realmente estiverem corretos, é possível que tenha tomado as medicações corretas, porém em dose insuficiente ou por tempo insuficiente, o que é frequente, seja por causa de pacientes que "mexem" na medicação por conta própria, seja devido a profissionais que não têm experiência suficiente e têm medo de dar doses mais elevadas ou trocam a medicação sem ter dado tempo suficiente para ela agir.
 
Finalmente, se os diagnósticos e os tratamentos tiverem sido corretos, algumas pessoas apresentam quadros mais resistentes e, nestes casos, há possibilidade de se usarem combinações medicamentosas menos corriqueiras - o que somente um(a) profissional experiente saberá fazer.
 
Atualmente, em alguns casos, pedem-se testes farmacogenéticos para verificar possíveis causas da má resposta a tratamentos ou mesmo recomendar outros.
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É essencial levá-la a um psiquiatra para que o tratamento adequado seja iniciado e os sintomas possam ser reduzidos e, por fim, que desapareçam; contudo, se os sintomas estiverem muito expressivos [não toma banho há muito tempo, agressividade física contra si mesmo e aos outros, alucinações auditivas muito intensas], o ideal é a paciente ser levada à internação psiquiátrica. No tratamento em internação, existe uma facilidade maior em manejar as medicações, segurança completa para o paciente no que diz respeito aos seus sintomas, assim como a possibilidade da família se manejar melhor.
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Como os colegas já disseram, sua irmã deve ser avaliada por um Psiquiatra, e o mais "urgentemente" possível. O gradativo desaparecimento, em nosso país, de Emergências Psiquiátricas capacitadas, na Rede Pública, fruto do descaso de nossos governantes, é extremamente grave. Você descreveu, no caso em sua irmã, um quadro típico a exigir atendimento psiquiátrico EMERGENCIAL. Espero que ela tenha conseguido atendimento adequado e esteja melhor!
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Risperidona e Amplictil são medicações antipsicóticas que podem ser utilizadas em quadros psicóticos [alucinações auditivas - raramente visuais -, pensamentos incoerentes e paranoicos, comportamento incoerente e agressivo], podendo ser dentro da esquizofrenia, como qualquer outro transtorno psiquiátrico, que possa apresentar sintomas psicóticos [mesmo que transitórios]. Da mesma forma, determinados antipsicóticos podem ser usados para auxiliar tratamentos de pacientes com insônia.
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Risperidona e Amplictil são medicamentos antipsicóticos, ambos usados para o tratamento de quadros caracterizados por delírios de diversos conteúdos, alterações da sensopercepção (auditivas, visuais, dentre outras), também são usados como contenção química em quadros de agitação psicomotora e intranquilidade.
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Há vários conceitos diferentes de alucinação, alguns consideram alucinações apenas quando são no contexto de um quadro de psicose e a percepção do paciente em relação a toda a realidade está alterada e outros consideram alucinações quaisquer percepções que ocorrem na ausência de um estímulo.
Assim, há variados graus de "realidade" das alucinações. As alucinações que ocorrem, por exemplo, em alterações cerebrais mais grosseiras (por exemplo, resultantes de tumores ou lesões tóxicas do cérebro) são claramente vivenciadas como provindo do mundo externo, ao ponto de a pessoa eventualmente tentar achar o local de onde vem a alucinação. No caso da psicose esquizofrênica, a alucinação frequentemente é intermediária entre a imaginação e a realidade, encontra-se mais no mundo interno - o esquizofrênico ouve as vozes, por exemplo, pode até falar com elas, mas não passa por sua cabeça procurar as pessoas "que falam" - elas se encontram "dentro" de sua mente.
Estas diferenças fenomenológicas são importantes no diagnóstico psiquiátrico.