Psiquiatria - Perguntas respondidas
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Os diagnósticos de transtornos de personalidade (por exemplo, transtornos de conduta, em crianças ou transtorno borderline) são com frequência de diagnóstico difícil, pois as pessoas que têm estes distúrbios frequentemente não dão respostas claras ou confiáveis sobre seus problemas. Frequentemente há necessidade de se consultar a pessoa várias vezes e falar com familiares para se ter certeza.
 
Além disto, comportamentos borderline, por vezes, podem estar presentes em pessoas que estejam desenvolvendo um transtorno bipolar ou que já sejam bipolares, porém com sintomas de reconhecimento mais difícil.
 
Assim, mesmo com profissionais cuidadosos, por vezes o diagnóstico inicial é apenas uma suspeita bem fundamentada e não uma certeza.
 
Apesar de que, no Brasil, é permitido a qualquer médico tratar qualquer doença, mantidas as exceções, neurologistas não estão aptos a tratar de problemas psiquiátricos como a personalidade borderline.
 
Quanto ao transtorno de conduta, trata-se de um comportamento de violação de regras e comportamento frequentemente agressivo que causam prejuízos mais ou menos graves a pessoas ou animais. É, praticamente, o correspondente infantil do transtorno de personalidade antissocial do adulto (comumente chamado de "psicopata" ou "sociopata").
 
Assim, em princípio, se tem alguma dúvida quanto ao diagnóstico, o mais indicado seria voltar à psiquiatra e pedir mais explicações ou consultar um outro psiquiatra. Infelizmente, também, médicos de convênios podem ter tempo e número de retornos insuficiente para agilizarem um diagnóstico difícil e, com isto, os pacientes saem prejudicados. Mas, insista: é um direito seu ter a duração de consulta suficiente e ter o número de consultas suficiente para fazer um bom diagnóstico e um bom tratamento.
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Um relato de ver imagens que dão ordens pode ser consequência de uma série de problemas:
 
1) quadros psicóticos, nos quais a pessoa perde o vínculo com a realidade e passa a ver e ouvir coisas que não estão presentes;
 
2) quadros de crises epilépticas, onde alterações cerebrais levam às mais diversas alterações psíquicas, que ocorrem de modo espontâneo e são, em geral, autolimitadas, durando poucos minutos;
 
3) fantasias; por vezes, em crianças, fantasias podem tornar-se muito fortes e serem descritas como se fossem reais; isto é mais comum em crianças pequenas e não em pré-adolescentes;
 
4) evitação da escola: às vezes, para evitar a escola, crianças inventam uma série de mal-estares relacionados à escola.
 
Os dados que você forneceu são muito poucos e as explicações acima podem não cobrir todas as possibilidades. É essencial consultar um psiquiatra que tenha experiência com crianças.
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Algumas pessoas têm medos exagerados de algumas situações na vida como, por exemplo, alturas, locais fechados ou, no seu caso, dirigir.
 
Dirigir realmente apresenta alguns riscos mas, para a maioria das pessoas que dirigem, isto representa uma ameaça com a qual conseguem lidar simplesmente dirigindo de modo cauteloso.
 
Quando ocorrem estes medos exagerados, fala-se em "fobias". No seu caso, é uma fobia de dirigir.
 
Muitas vezes, estas fobias aparecem no contexto de uma depressão ou transtorno de ansiedade generalizada e, nestes casos, o uso de uma medicação (geralmente, um inibidor de recaptação de serotonina) pode ajudar a melhorar o problema.
 
Entretanto, em outros casos, a fobia ocorre sem que haja sintomas de depressão ou outros sintomas de ansiedade ou também pode acontecer que a depressão e a ansiedade sejam tratadas, mas a fobia continue.
 
Nestes casos, usam-se técnicas baseadas na terapia comportamental, geralmente envolvendo exercícios em que a pessoa se acostume (ou reacostume), progressivamente, a dirigir.
 
A terapia para a fobia de dirigir pode ser feita por psiquiatras ou psicólogos experientes neste tipo de tratamento e mesmo algumas escolas de condutores possuem cursos para pessoas que têm um medo exagerado.
 
É importante que não tente controlar sua fobia com tranquilizantes benzodiazepínicos (aqueles que têm embalagem com faixa preta), pois eles não tratam o problema, podem dar problemas de memória e de incoordenação motora além de, em alguns casos, causarem dependência.
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Algumas pessoas podem ter um nível muito elevado de aversão e ansiedade ao serem expostas a ferimentos ou mesmo ouvirem falar deles. Em alguns casos, pode haver uma reação em que a pessoa se sente tonta e perde o equilíbrio. Este tipo de fobia de ferimentos pode ser tratado por psiquiatras e psicólogos com experiência no tratamento de fobias. A terapia comportamental e a terapia comportamental-cognitiva costumam ser muito eficazes para combater este tipo de problema.
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É comum, em pessoas que usam drogas (a nicotina é uma droga, do ponto de vista médico) ficarem neste processo que chamamos de "ambivalência": há momentos em que a pessoa fica com medo dos malefícios e, noutros, ela não pensa nisto, prefere pensar no que o cigarro tem de bom ou mesmo fica dizendo para si mesma - "mais para a frente eu paro, por enquanto não".
Existe um conjunto de técnicas usado para tentar melhorar a motivação da pessoa - ele tem o nome de "entrevista motivacional".
Exemplos de exercícios de técnicas motivacionais:
Anote de um lado de uma folha de papel todos os pontos positivos de você fumar (como, por exemplo, enfrentar o tédio, ficar mais acordado, etc.) e, do outro lado da folha, anote todos os aspectos negativos (risco de saúde, mau hálito, envelhecimento da pele, etc). Em seguida, leia tudo e decida o que pesa mais para você - os pontos positivos ou os negativos?
Pare e pense: fumar interfere nos objetivos que você tem para sua vida? Por quê?
Fumar interfere nas suas relações familiares e pessoais?
Ao longo de algumas sessões com técnicas motivacionais, frequentemente as pessoas se tornam mais interessadas em parar e oscilam menos entre o "querer" e o "não querer".