Ivan Mario Braun
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Pessoas que sentem sintomas e fazem exames sem resultados positivos podem continuar tendo problemas por vários motivos:
- podem ter algum problema clínico que não tenha sido descoberto, apesar dos exames;
- pessoas muito ansiosas por vezes sentem dores, tensões, náuseas, batimentos cardíacos acelerados e outros sintomas físicos (como ocorre, por exemplo, nas crises de pânico) e os clínicos não detectam nada nos exames;
- pessoas com depressão podem ter ansiedade associada e, da mesma forma que nas ansiosas "puras", apresentar sintomas físicos;
- pessoas com depressão podem ficar mais sensíveis a dores e apresentar sintomas dolorosos que normalmente não seriam percebidos;
- existem pessoas com um transtorno chamado de "transtorno ansioso de adoecimento" (antigamente chamado de "hipocondria") que, associado a um alto grau de ansiedade, têm uma preocupação excessiva com a própria saúde e valorizam em demasiado quaisquer pequenos sintomas e têm sempre receio de que seja algo grave;
- existe um distúrbio denominado de fibromialgia, em que pessoas sentem dores em músculos e articulações sem aparente causa clínica e com exames normais; possivelmente, se trata, também, de um aumento da sensibilidade a certos tipos de dor;
- eventualmente, pessoas com quadros psicóticos (perda do contato com a realidade) podem ter ideias delirantes de que estão doentes; isto ocorre com alguma frequência em quadros depressivos graves, chamados de "depressão psicótica".
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O transtorno de personalidade borderline é um problema que se caracteriza por uma grande instabilidade em várias áreas da vida: profissional, afetiva, educacional e mesmo sexual. Muitas vezes se associa a sintomas depressivos, psicóticos (perda do sentido de realidade) e uso de drogas. Podem ocorrer também comportamentos agressivos com outros e auto-agressivos.
 
Claramente, em alguns casos, pessoas com sintomas borderline acabam desenvolvendo transtorno bipolar e pelo menos uma parte dos casos de borderline pode ter relação com o transtorno de personalidade borderline.
 
A quetiapina é uma medicação criada para o tratamento de pessoas com esquizofrenia mas se mostrou útil também no tratamento do transtorno bipolar e de quadros como depressão psicótica. É um bom estabilizador do humor e, em casos de pessoas que tenham sintomas borderline como parte de um espectro bipolar, poderia ser útil.
 
A oxcarbazepina é uma medicação criada para combater crises epilépticas e que não apresenta, de modo geral, evidências de utilidade em problemas psiquiátricos. Mas, logicamente, este tipo de conduta fica sempre a critério médico.
 
Entretanto, o transtorno de personalidade borderline não tem um tratamento específico, sendo tratado de acordo com a sintomatologia predominante (depressão, impulsividade, uso de álcool etc.) e com psicoterapia.
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Os diagnósticos de transtornos de personalidade (por exemplo, transtornos de conduta, em crianças ou transtorno borderline) são com frequência de diagnóstico difícil, pois as pessoas que têm estes distúrbios frequentemente não dão respostas claras ou confiáveis sobre seus problemas. Frequentemente há necessidade de se consultar a pessoa várias vezes e falar com familiares para se ter certeza.
 
Além disto, comportamentos borderline, por vezes, podem estar presentes em pessoas que estejam desenvolvendo um transtorno bipolar ou que já sejam bipolares, porém com sintomas de reconhecimento mais difícil.
 
Assim, mesmo com profissionais cuidadosos, por vezes o diagnóstico inicial é apenas uma suspeita bem fundamentada e não uma certeza.
 
Apesar de que, no Brasil, é permitido a qualquer médico tratar qualquer doença, mantidas as exceções, neurologistas não estão aptos a tratar de problemas psiquiátricos como a personalidade borderline.
 
Quanto ao transtorno de conduta, trata-se de um comportamento de violação de regras e comportamento frequentemente agressivo que causam prejuízos mais ou menos graves a pessoas ou animais. É, praticamente, o correspondente infantil do transtorno de personalidade antissocial do adulto (comumente chamado de "psicopata" ou "sociopata").
 
Assim, em princípio, se tem alguma dúvida quanto ao diagnóstico, o mais indicado seria voltar à psiquiatra e pedir mais explicações ou consultar um outro psiquiatra. Infelizmente, também, médicos de convênios podem ter tempo e número de retornos insuficiente para agilizarem um diagnóstico difícil e, com isto, os pacientes saem prejudicados. Mas, insista: é um direito seu ter a duração de consulta suficiente e ter o número de consultas suficiente para fazer um bom diagnóstico e um bom tratamento.
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Um relato de ver imagens que dão ordens pode ser consequência de uma série de problemas:
 
1) quadros psicóticos, nos quais a pessoa perde o vínculo com a realidade e passa a ver e ouvir coisas que não estão presentes;
 
2) quadros de crises epilépticas, onde alterações cerebrais levam às mais diversas alterações psíquicas, que ocorrem de modo espontâneo e são, em geral, autolimitadas, durando poucos minutos;
 
3) fantasias; por vezes, em crianças, fantasias podem tornar-se muito fortes e serem descritas como se fossem reais; isto é mais comum em crianças pequenas e não em pré-adolescentes;
 
4) evitação da escola: às vezes, para evitar a escola, crianças inventam uma série de mal-estares relacionados à escola.
 
Os dados que você forneceu são muito poucos e as explicações acima podem não cobrir todas as possibilidades. É essencial consultar um psiquiatra que tenha experiência com crianças.
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Primeiramente, esta senhora precisa de uma avaliação psiquiátrica, de modo que o psiquiatra possa decidir se é o caso de internar ou não. Dependendo do problema, ela pode tomar medicações e melhorar e fazer as avaliações necessárias sem necessidade de internação.
 
Verifique nos postos de saúde do seu bairro onde há atendimento psiquiátrico. Existem também os postos CAPS, onde os pacientes podem ter atendimento mais intensivo. Em caso de emergência, leve-a a um pronto socorro no qual haja um psiquiatra. Por vezes, é possível obter ajuda do SAMU ou da polícia militar, mas isto nem sempre ocorre e frequentemente é muito demorado. Mas, se ela resistir a ser avaliada, não existe outra solução.
 
Se ela puder ser minimamente estabilizada, existe, no serviço público, a possibilidade de ela receber visitação domiciliar de assistentes sociais, psicólogas e mesmo médicos que possam dar algum tipo de suporte sem haver necessidade de internação.
 
Se houver disponibilidade de gastos maiores, vários hospitais têm serviços de psiquiatria ou psiquiatras de plantão (ou plantão à distância) e que podem avaliar a paciente e orientar a conduta.