Psiquiatria - Perguntas respondidas
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Em primeiro lugar, o psiquiatra é um médico: por sinal, a origem grega da palavra vem de "psyche" (alma) e "iatrós" (médico). O psiquiatra faz a faculdade de medicina, durante 6 anos e, depois, fica mais 3 anos se especializando. Assim, com certeza, você pode dirigir-se a um psiquiatra sem indicação de outro profissional. Na verdade, se o psiquiatra achar que você tem algum problema que não é da especialidade dele, saberá encaminhar você a um outro especialista.
Os remédios psiquiátricos, quando bem utilizados, não deixam a pessoa "dopada" e, entre riscos e benefícios, seus benefícios costumam ser grandes, melhorando a qualidade de vida e, inclusive, prevenindo doenças, protegendo o cérebro e, em alguns casos, prevenindo até a morte (por exemplo, por suicídio, em alguns casos graves de depressão ou psicoses).
Tratamentos não medicamentosos podem ser feitos tanto pelo próprio psiquiatra (porém, preferencialmente, devem ser feitos quando ele(a) tiver alguma formação em psicoterapia. O psiquiatra, também, poderá indicar um psicólogo (este, sim, não é médico; faz uma faculdade muito importante, também, de Psicologia). O psicólogo não pode prescrever medicações mas, frequentemente, é mais experiente nos procedimentos de psicoterapia. Entretanto, consultar um psiquiatra é importante, pois ele poderá dizer se o quadro é suficientemente grave para requerer remédios ou se a psicoterapia é o melhor caminho. Não tente decidir isto por conta própria.
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Dificuldades nos estudos podem ter muitas causas:
1) déficit de atenção - algumas pessoas não chegam a ter todos os sintomas do "transtorno de déficit de atenção", mas têm alguns sinais como, por exemplo, dificuldades de se manter focadas nas aulas;
2) depressão, ansiedade e outros transtornos psiquiátricos que, infelizmente, podem ocorrer mesmo "nas melhores famílias", podem prejudicar o desempenho;
3) mesmo entre pessoas que conseguiram entrar em faculdades, algumas podem ter um nível intelectual abaixo daquele dos colegas, o que pode prejudicar o ritmo de evolução, não conseguindo acompanhar a matéria na mesma velocidade que os outros;
4) hábitos errados de sono e alimentação, assim como falta de períodos de descanso e lazer podem interferir nos estudos;
5) tempo excessivo gasto em outras atividades, tais como internet;
6) dificuldades específicas de aprendizado, como a dislexia;
7) ou, "simplesmente", técnicas erradas de estudo e memorização.
Uma parte das pessoas é mais "fechada" do que a média e isto não chega a ser uma anormalidade; esta característica pode ser melhorada através da psicoterapia ou, eventualmente, mesmo através de outras atividades como cursos de artes dramáticas e oratória.
Em casos mais graves, o grau de timidez é excessivo e a pessoa não consegue iniciar relações novas, apresentar seminários ou mesmo ter de fazer algo "na frente" dos outros. Estes casos são denominados de "fobia social" e podem melhorar com o uso de alguns medicamentos e de terapia comportamental ou comportamental-cognitiva.
Pessoas podem se achar inferiores a outras também por uma série de motivos:
1 - padrões de educação envolvendo muitas críticas e poucos elogios;
2 - experiências negativas de convivência no grupo de colegas (como, por exemplo, "bullying");
3 - consequência do próprio quadro de fobia social;
4 - consequência de quadros de depressão.
O tratamento depende da causa, podendo ser feito com uso de remédios ou, em muitos casos, só de psicoterapia.
Uma avaliação inicial por um psiquiatra é importante, para se descartar problemas mais sérios. Em seguida, os profissionais mais úteis são os psicólogos, os psicopedagogos e, eventualmente, o próprio psiquiatra.
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O alcoolismo é um problema que envolve vários aspectos médicos:
- quando prolongado, pode levar a deficiências de vitaminas, no organismo, assim como lesões em quase todos os órgãos (fígado, cérebro, várias partes do sistema digestivo, coração, distúrbios de hormônios);
- o tratamento, frequentemente, envolve medicações (na abstinência, quando mais grave, se utilizam o diazepam; a longo prazo, para prevenir a recaída, usam-se o dissulfiram e a naltrexona, além do acamprosato - que não existe, no Brasil); a vitamina B1 e o ácido fólico também fazem parte do tratamento, nos casos mais graves;
Assim, o psiquiatra, sendo médico, é o profissional que deve ser consultado em primeiro lugar; procure de preferência aqueles que são especializados em drogas, pois o tratamento do alcoolismo faz parte deste tipo de habilidade, assim como o tabagismo (presente em até 60% das pessoas que bebem). A psicoterapia específica para o alcoolismo deve ser feita, também, por pessoas que tenham este treinamento, psiquiatras ou psicólogos).
Em alguns casos, está indicada uma abordagem multidisciplinar, envolvendo nutricionistas, terapeutas ocupacionais e mesmo assistentes sociais.
Além dos consultórios particulares, há os CAPS-AD, os Centros de Apoio Psico-Social para Álcool e Drogas, instituições públicas que atendem este tipo de pacientes:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/saudemental/Album.pdf
Instituições como os Alcoólicos Anônimos (para pacientes) e o AL-ANON (para familiares) são úteis, também, e existem em quase todas as cidades.
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Em relação às manchas roxas, não se trata de um problema psiquiátrico, a não ser que você as faça voluntariamente.
Seria importante você consultar um clínico ou um cirurgião vascular, pois pode estar ocorrendo alguma fragilidade de vasos capilares ou distúrbio de coagulação. Ao contrário do que algumas pessoas acreditam, não há nenhuma comprovação de que ficar "nervoso" possa levar a manchas roxas. O que a maioria dos cirurgiões vasculares diz, a este respeito é que, provavelmente, as pessoas colidem com algum objeto ou móvel e não percebem.
Roer unhas, frequentemente, pode ser um transtorno de controle de impulsos, que são distúrbios nos quais as pessoas sentem uma grande vontade de executar um movimento (ou até um comportamento mais complexo) e, praticamente, não conseguem se impedir de fazê-lo. Fazem parte deste tipo de problemas também a tricotilomania (compulsão de arrancar cabelos ou pelos) e algumas pessoas podem se sentir compelidas, também, a beliscar-se.
Gostar de sentir dor é um comportamento masoquista e não se sabe qual a sua origem, porém pode ocorrer em vários contextos, dos quais o principal é o contexto sexual, onde as pessoas gostam de apanhar, com mais ou menos ímpeto e de sofrer outras agressões (serem amarradas ou queimadas) antes ou durante o ato sexual.
Algumas pessoas, em contextos de muita angústia, machucam-se até sair sangue, mas estas não referem prazer, apenas o alívio da angústia.
O transtorno bipolar é um distúrbio no qual as pessoas passam semanas a meses deprimidas, com desânimo ou tristeza profundos, associados a problemas de falta ou excesso de sono, diminuição do desejo sexual, aumento ou falta de apetite, dificuldades de concentração, pensamentos tristes repetitivos e, por vezes, até vontade de morrer. Estes comportamentos se alternam com fases de aceleração, humor excessivamente alegre, eufórico (ou irritado, em alguns casos), com vários dias ou semanas de duração; associam-se pensamentos acelerados, tendência a abandonar uma atividade antes de terminá-la e passar a outra, sucessivamente, ao longo de horas; aumento do desejo sexual; aumento dos gastos; diminuição da necessidade de sono; ideias de poder, de grandeza e uma auto-confiança excessiva, que pode levar a atitudes temerárias.
Estas fases se alternam, em geral, com períodos de normalidade, de semanas a anos de duração.
É importante frisar que estes períodos são relativamente prolongados. Em casos mais raros, algumas vezes, realmente pode haver alternância do comportamento ao longo do dia, mas este diagnóstico é mais difícil e deve ser feito por psiquiatra experiente. Na maioria dos casos, pessoas que se auto-intitulam de "bipolares" querem apenas dizer que mudam de humor muito facilmente, o que não necessariamente é uma doença, apesar de poder ser incômodo para os outros e para a própria pessoa.
Quanto a ser o demônio, garanto que não é e é melhor deixar para a Igreja questões como princípios morais e a tranquilidade existencial.
Problemas como o seu são comprovadamente comportamentais ou psiquiátricos e, se você quer diminuir seu sofrimento, procure uma avaliação com psiquiatra.
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Bom dia. O estresse pode causar alterações de humor, porém é necessário avaliar a sua habilidade em lidar com situações difíceis e frustrantes, a sua habilidade em avaliar a causa/foco do problema e a maneira que costuma usar para buscar soluções. Se fecha só no serviço? Tem dificuldade em aceitar os erros dos outros? Enfim, surgem várias perguntas que devem ser avaliadas por um profissional psiquiatra.
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É normal, por vezes, as pessoas passarem períodos mais quietas ou pensativas, sem vontade de interagir com outras. Entretanto, o estresse (problemas de relacionamento no emprego ou na família, doenças físicas ou mesmo o cansaço) podem levar a uma maior fadiga e, com isto, a pessoa pode sentir menos vontade de ter atividades ou mesmo falar.
 
Por outro lado, o estresse excessivo pode desencadear sintomas de depressão, em algumas pessoas, provocando um desânimo e uma tristeza mais profundos e uma falta de prazer naquelas atividades das quais a pessoa gostava, antes.
 
Seria bom você procurar um profissional psiquiatra para fazer uma avaliação (além de convênios e consultórios particulares, eles podem ser consultados em postos de UBS, sem custos).