Ivan Mario Braun
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No tipo de crises que você está tendo, com todos estes sintomas físicos, geralmente está havendo ativação de uma parte do sistema nervoso que se chama Sistema Nervoso Autônomo (SNA), responsável pela ativação do organismo em situações de estresse, medo, fome, necessidade de lutar.
O SNA pode estar sendo ativado por vários mecanismos, inclusive muitos físicos - problemas cardíacos, hormonais ou neurológicos.
Frequentemente, entretanto, quando há uma exclusão confiável de causas físicas, o que está ocorrendo são crises de ansiedade.
A ansiedade, um fenômeno relacionado também à angústia e ao medo, é uma reação normal do organismo a situações estressantes. Entretanto, ela pode se tornar exagerada, em algumas circunstâncias e, especialmente, em algumas pessoas, mais predispostas. Nestes casos, diz-se que a ansiedade é "patológica" (o que significa o mesmo que doentia) e deve ser tratada. O estresse que leva à ansiedade leva a uma ativação do SNA e, assim, a pessoa tem não somente sintomas psíquicos (como, por exemplo, medo, ideias de que vai morrer ou, como no seu caso, sensações de que está fora de si) como, também, físicos (falta de ar, tontura, dor de cabeça, sensação de que vai desmaiar, tremores, sensação de fraqueza). O quadro geral de ansiedade, além disto, pode explicar o aparecimento de insônia.
Comumente, estes picos de ansiedade podem aparecer numa pessoa que já esteja ansiosa, grande parte do tempo; podem aparecer, também, em situações como quando a pessoa vai a lugares cheios, fechados ou muito altos (só como exemplo). Outras vezes, entretanto, podem aparecer subitamente, vindo "do nada": a pessoa estava se sentindo normal e, de repente, tem uma crise como a que você descreve. Nestes casos, chamamos a crise de "pânico" e, quando a pessoa tem as crises com uma frequência grande, chamamos de "transtorno de pânico".
O transtorno de pânico deve ser tratado pois não costuma desaparecer sozinho e pode piorar como o tempo. Além disto, pessoas com pânico frequentemente desenvolvem medos exagerados ("fobias") de lugares cheios de gente ("agorafobia") e, em casos mais graves, após um tempo prolongado sem tratamento, há pessoas que não conseguem nem sair de casa.
Felizmente, o pânico (e a ansiedade, de modo geral), tem bons tratamentos, medicamentosos e também psicoterápicos. Dentre os medicamentosos se salientam os inibidores seletivos de recaptação de serotonina como, por exemplo, a fluoxetina, a sertralina, a venlafaxina e outros. Estes são a primeira opção no tratamento, pelo perfil de poucos efeitos colaterais e baixo risco; em caso de falha ou, no caso de alguns pacientes que não toleram estas medicações, entretanto, existem outras opções. De modo geral, apenas, deve ser evitado o uso prolongado dos benzodiazepínicos (medicações "tarja preta"), pois podem levar à dependência, dificuldades de memória e quedas. No caso de pessoas acima dos 60 anos, seu uso deve ser evitado mesmo a curto prazo.
Dentre as técnicas psicoterápicas, as mais estudadas na abordagem do pânico e das fobias que a ele podem estar relacionadas são a terapia comportamental cognitiva e a comportamental. Mais recentemente, tem sido feitas pesquisas com um tipo de terapia chamada de Terapia de Aceitação e Compromisso, com alguns resultados favoráveis. Entretanto, de modo geral, medicações devem ser utilizadas, além da psicoterapia.
Finalmente, é importante que fique claro que somente um psiquiatra habilitado pode lhe dar certeza quanto ao seu diagnóstico, pois, além do que se disse acima, os picos de ansiedade podem aparecer no contexto de outros transtornos psiquiátricos como, por exemplo, depressões.
Além disto, o(a) psiquiatra que você consultar poderá e deverá checar se você já fez todos os exames para garantir que não possui nenhuma causa física para seu problema.
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A insônia tem muitas causas, incluindo doenças clínicas ("físicas") como, por exemplo, o hipertireoidismo e psiquiátricas (depressão e ansiedade sendo as mais comuns). O tratamento da insônia depende da causa. Geralmente, com o tratamento há uma melhora acentuada da insônia ou seu desaparecimento.
Quando, tratadas as causas, a insônia não desaparece (ou quando não se encontra nenhuma causa específica), um dos tratamentos mais eficazes é a higiene do sono.
A sensação de estar em sonho se chama "desrealização" e pode ocorrer em vários quadros psiquiátricos (novamente, ansiedade é um exemplo) ou mesmo em enxaquecas.
Você deve procurar um(a) psiquiatra para fazer um diagnóstico correto e tratar.
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O autismo é um transtorno caracterizado, principalmente, por dificuldades nas relações sociais (expressão de emoções e percepção e compreensão das emoções de outros e habilidades de estabelecer e manter relações). Muitas vezes, ocorre um verdadeiro desinteresse pelo contato com outros humanos.
Juntamente, costumam ocorrer comportamentos repetitivos, que vão desde uma rigidez nos hábitos (alimentares ou de se vestir, por exemplo) até movimentos estereotipados.
O autismo se desenvolve aos poucos e é influenciado, principalmente, por fatores ambientais. Entretanto, acredita-se que a criança já nasça, sim, com uma forte tendência ao desenvolvimento do autismo e, na maioria dos casos mais graves, as alterações são observadas já a partir dos primeiros meses de vida.
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O autismo é um transtorno em que predominam as dificuldades de relacionamento social (incluindo expressão de emoções, percepção e entendimento das emoções de outros, empatia e habilidades de estabelecer e manter contato) e comportamentos repetitivos (movimentos e hábitos). O desempenho das crianças (e, posteriormente, adultos) pode ser maior ou menor e, em alguns casos, pessoas chegam a adquirir níveis elevados, em alguns casos mais raros, até se tornam pesquisadores e professores universitários.
Os sintomas costumam aparecer desde o início da vida e, quando se presta atenção, são percebidos nos primeiros meses, com atrasos no desenvolvimento, por exemplo, da capacidade de acompanhar o olhar das outras pessoas com os próprios olhos. Frequentemente, pais que já tiveram outros filhos, percebem mais facilmente estas alterações.
Em alguns casos, pode haver uma demora maior para a percepção dos sintomas mas, dificilmente isto chega até os 12 anos.
Você não deixa claro se o desenvolvimento de seu filho, até esta idade, foi completamente normal. Se for este o caso, pode haver várias causas para esta mudança de comportamento, desde causas clínicas como doenças no cérebro ou outras partes do organismo até surtos psicóticos ou quadros depressivos.
Necessariamente você deve levar seu filho a um(a) psiquiatra.
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Não se sabe as causas exatas do autismo, mas se acredita que ela nasça, sim, com autismo e este se torna mais evidente, aos poucos, na infância. Pode haver evoluções e retrocessos, durante o estabelecimento do quadro. Por exemplo, há crianças que aprendem a falar e, depois, perdem sua desenvoltura neste aspecto. Há sintomas que podem, também, melhorar.
O(a) autista deve ser acompanhado, durante toda a vida, por psicólogos especializados e, muitas vezes, terapeutas ocupacionais. Psiquiatras podem ser necessários para fazer o diagnóstico inicial e tratar alguns quadros que possam aparecer, tais como sintomas obsessivos mais graves, comportamentos psicóticos ou sintomas de depressão. Agressividade frequentemente está relacionada a aspectos ambientais que podem ser controlados corrigindo-se o comportamento da família e/ou dos professores. Em alguns casos se pode usar medicações.