Ivan Mario Braun
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Este tipo de problema pode ser uma fobia (medo exagerado) ou um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Neste último caso, geralmente a pessoa, além do medo excessivo ou mesmo irracional, costuma ter rituais para tentar diminuir os medos ou pensamentos desagradáveis. Estes rituais podem ser, por exemplo, rezas, pensamentos "positivos" para combater os negativos, lavagem excessiva das mãos ou do corpo, evitar apertar a mão de outras pessoas. Entretanto, existem outros rituais, pois cada pessoa pode ter rituais diferentes.
Estes quadros (tanto as fobias quanto o TOC) têm tratamentos muito eficazes, baseados em medicações (principalmente os inibidores de recaptação de serotonina, que são a primeira opção) e terapia comportamental ou técnicas comportamental-cognitivas. A melhora costuma ocorrer, em grande parte dos casos, num período de semanas a meses.
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A ansiedade é um fenômeno normal e constitui uma proteção contra perigos e uma consequência natural de situações de conflito.
 
Entretanto, em algumas pessoas, em algum momento da vida, podem ocorrer quadros graves, que requerem tratamento. Nesses casos, a ansiedade deixa de ser um mecanismo de proteção e passa a ser sofrida e paralisante.
 
Ela envolve uma sensação frequentemente desagradável de excitação e apreensão e, muitas vezes, medos ou preocupações excessivas. Além disso, a pessoa frequentemente apresenta sintomas físicos, como sensação de "estômago embrulhado", aperto no peito, suor, batimentos cardíacos acelerados, tontura, visão turva, tremores, falta de ar.
 
A ansiedade pode ser tratada com psicoterapias e terapia comportamental, que modificam o modo de a pessoa enfrentar o mundo e, com isto, a fortalecem contra a ansiedade grave.
 
Frequentemente, há necessidade de uso de remédios, pois eles aceleram os resultados e há mesmo casos graves de ansiedade que, aparentemente, não melhoram somente com psicoterapias.
 
As medicações mais usadas e de primeira linha são os inibidores de recaptação da serotonina, como a fluoxetina, a sertralina, o citalopram, a paroxetina. Mas, dependendo do caso, existem muitas outras opções, como a buspirona, os antidepressivos tricíclicos e a gabapentina.
 
Devem ser evitadas as medicações benzodiazepínicas (aquelas que são vendidas com "receita azul" e vêm com uma faixa preta, na embalagem). Elas causam dependência, problemas de memória e não devem ser usadas, na grande maioria das vezes, por mais de algumas semanas.
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As crises de pânico podem ser evitadas através de técnicas comportamentais (grosso modo, são alguns exercícios que aumentam a resistência da pessoa às situações que desencadeiam as crises de pânico) e de medicações.
Apesar de ser possível tratar as crises apenas através de técnicas comportamentais e "cognitivas", geralmente se opta por usar também medicações, pois isto pode acelerar o tratamento (o que diminui o sofrimento e mesmo os custos) e as medicações são seguras.
As medicações mais usadas são os inibidores de recaptação da serotonina como, por exemplo, a fluoxetina, a sertralina, o citalopram e a paroxetina, entre outros. Todos são eficazes na maioria dos casos mas, em alguns casos mais resistentes, pode haver necessidade de acrescentar outras medicações ou de fazer uma troca por remédios mais potentes.
Qual medicação o médico usa é decidido junto com o paciente, segundo alguns critérios, que vão desde preferências pessoais do paciente até questões técnicas como, por exemplo, evitar o uso da fluoxetina em pessoa mais idosas, pois ela permanece no sangue por muito tempo, o que pode trazer alguns pequenos riscos em organismos mais frágeis.
Por outro lado, em alguns casos, para diminuir mais rapidamente o sofrimento, usam-se medicações chamadas de "benzodiazepínicos" (são aquelas vendidas com "receita azul" e que têm uma faixa preta, na caixa). Estas medicações costumam causar um bem estar quase imediato, porém NÃO devem ser usados por mais que algumas semanas, pois podem causar dependência e problemas de memória.
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Psicoterapias são conjuntos de técnicas que envolvem uma modificação dos comportamentos dos clientes através da comunicação com o terapeuta.
Assim, a psicoterapia não envolve o uso de medicações ou outras intervenções químicas ou físicas que ajam diretamente sobre o organismo.
De certa forma, pode-se dizer que, enquanto as medicações atuam diretamente no "hardware", as psicoterapias modificam o "software". Para quem não entende um pouco de computação, isto equivale a dizer que, enquanto as medicações agem de dentro para fora, as psicoterapias agem de fora para dentro, através do(a) terapeuta.
A utilidade das psicoterapias (e da terapia comportamental) é grande em situações como resolver problemas interpessoais e de atitudes perante a vida, assim como no tratamento de fobias, alguns quadros de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), e tiques. Ela pode ser útil no tratamento de quadros de depressão, principalmente como coadjuvante do tratamento com remédios e para controlar problemas de uso de drogas, incluindo álcool e cigarro. Sua utilidade é, entretanto, pequena no tratamento de quadros como esquizofrenias ou o transtorno bipolar.
Existem centenas de tipos de psicoterapias. No caso de problemas interpessoais e de posturas perante a vida, a utilidade das psicoterapias é equivalente e depende muito da habilidade e da experiência do(a) terapeuta. Entretanto, para alguns problemas como fobias, pânico e TOC, apenas alguns tipos de terapia têm utilidade cientificamente comprovada (por exemplo, a terapia comportamental, a terapia comportamental-cognitiva e a "acceptance and commitment therapy" ou ACT).
Procedimentos como "terapia de vidas passadas", florais de Bach, cromoterapia e terapia com cristais NÃO são psicoterapias e NÃO têm nenhuma comprovação científica.
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A síndrome do pânico ou, como é chamado com mais frequência, "transtorno de pânico", caracteriza-se por crises que aparecem subitamente (isto é, a pessoa pode estar se sentindo totalmente bem e, de repente, sente os sintomas). São crises de duração relativamente curta, porém podem ocorrer uma seguida à outra, por vezes durante um dia inteiro. A pessoa sente um medo ou uma angústia intensos. Pode ficar com falta de ar, sensação de que vai morrer, dores no peito, "estômago embrulhado", tremores, suor, tontura e até vontade de fazer xixi ou cocô.
 
As crises podem "aparecer do nada" ou ocorrer quando a pessoa está em alguns lugares como ambientes fechados ou muito cheios de gente. Podem ocorrer, às vezes, durante o sono ou mesmo durante uma relação sexual.
 
Muitas vezes, as pessoas confundem o transtorno de pânico com uma situação qualquer de medo intenso, ansiedade. Isto é, às vezes vêm pessoas ao consultório e dizem "doutor, estou com pânico, acho que meu filho pode estar usando drogas"; ou "doutor, estou com pânico, não sei o que fazer da minha vida". Apesar de a gente usar a palavra "pânico" nestes contextos, no dia-a-dia, para o psiquiatra as crises de pânico são apenas aquelas que têm as características descritas acima.
 
Finalmente, algumas pessoas apresentam crises apenas raramente. Nestes casos, diz-se que a pessoa tem (ou teve) crises de pânico, mas não chega a ser um transtorno de pânico. A importância prática disto é que, nestes casos, pode não haver necessidade de tratamento ou o tratamento pode ser diferente daquele do transtorno de pânico.