Ivan Mario Braun
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O Classificação Interna de Doenças, da Organização Mundial da Saúde (OMS) define os transtornos mentais orgânicos como sendo um agrupamento que "compreende uma série de transtornos mentais reunidos tendo em comum uma etiologia demonstrável tal como doença ou lesão cerebral ou outro comprometimento que leva à disfunção cerebral".
Ou seja, apesar de grande parte (ou a maioria) dos transtornos psiquiátricos classificados ter origem cerebral, o conceito de organicidade se refere à possibilidade de se encontrar uma lesão ou alteração funcional como causa da alteração psiquiátrica. Certamente se trata de um conceito grosseiro, pois à medida que se forem descobrindo as causas dos transtornos psiquiátricos, este agrupamento vai aumentar de tamanho. Por outro lado, há uma diferença prática, no sentido de que, nos casos dos transtornos mentais orgânicos, muitas vezes é possível combater a causa - e não apenas controlar o transtorno, como ocorre nos transtornos restantes. Assim, se for observado que uma depressão possivelmente decorreu de um acidente vascular cerebral (AVC) ou um quadro alucinatório proveio de um foco epiléptico, os tratamentos não serão baseados apenas no uso das medicações psiquiátricas habituais.
O Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana, em sua quinta edição (DSM 5) não utiliza o termo "transtorno mental orgânico", mas o conceito se mantém, na medida em que vários transtornos listados tem um item "devido a outra condição médica", que conceitualmente é o mesmo que o transtorno mental orgânico.
Dito isto, em relação especificamente à sua pergunta, pode-se dizer que pode haver muitas causas "orgânicas" de alucinações visuais. Aliás, apesar de haver descrição de alucinações visuais em pacientes esquizofrênicos, a predominância de alucinações visuais por si só já aumenta as suspeitas de causa "orgânica". As causas são muitas mas, como exemplo, podem ser mencionadas as seguintes.
- crises epilépticas;
- enxaquecas;
- tumores;
- AVC;
- infecções cerebrais ou em outras áreas do organismo, mas que indiretamente afetem o cérebro, por exemplo através da liberação de toxinas;
- aneurismas cerebrais;
- intoxicação medicamentosa ou por abuso de substâncias.
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Você não chegou a esclarecer se, no tratamento psiquiátrico, ficou bem, sem sintomas. Entenda-se "ficar bem" como desaparecimento total dos sintomas durante o tratamento.
Caso não tenha ficado, é importante lembrar que as crises só passam totalmente quando se administra a medicação em doses suficientes E por tempo suficiente. É comum médicos e pacientes não atentarem para este fato e alguns profissionais, principalmente não-psiquiatras, têm medo de dar doses mais altas de remédios. Cada medicação tem uma dose máxima (e segura), que deve ser tentada antes de se desistir do remédio. Se a dose máxima foi administrada por tempo suficiente (geralmente, pelo menos duas a três semanas) e o resultado não for satisfatório, não se deve desistir do tratamento, porque é possível acrescentar outras medicações para aumentar a potência ou, se for o caso, substituir por remédios mais potentes.
Caso tenha ficado sem sintomas, é importante lembrar que, como a maioria dos transtornos psiquiátricos e grande parte das doenças clínicas (asma, artrite reumatoide, diabetes), o tratamento geralmente só consegue um controle e não a cura, de modo que a maioria das pessoas vai ter de tomar a medicação por períodos prolongados (anos) e, às vezes, a vida inteira. Isto não constitui maior problema, pois as medicações modernas são bem seguras e as mais usadas no pânico não têm efeitos colaterais perigosos. A interrupção precoce do tratamento é causa de frequentes recaídas.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a ACT (terapia de aceitação e comprometimento) podem ser úteis no tratamento do pânico, isoladamente ou, como geralmente se faz, combinadas às medicações. A TCC deve ser sempre a opção preferida quando o paciente com pânico desenvolve agorafobia (medo e aversão a lugares cheios de pessoas, principalmente), pois é mais eficaz do que a medicação.
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Não se sabe exatamente o que causa a psoríase. Ela aparece quando há uma produção excessiva de células jovens, na pele, que vão sendo levadas à superfície e não têm tempo de se recobrir adequadamente com uma camada protetora de queratina. Consequentemente, elas tendem a se acumular e, posteriormente, descamar. Por vezes, as pessoas relatam prurido. É possível que o problema seja desencadeado por alterações na atividade das células T, relacionadas às defesas imunológicas do organismo mas, por sua vez, não se sabe o que leva ao mau funcionamento da atividade destas células.
A psoríase recidiva na forma de crises, que podem ser desencadeadas por doenças, traumas físicos e também estresse psicológico, mas não é uma doença psiquiátrica. Entretanto, como ocorre em outras doenças crônicas, a presença concomitante de transtornos psiquiátricos aumenta.
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Desculpe, mas você precisaria explicar melhor do que se trata?
 
O que está chamando de "surto"?
 
Até onde sei, não existe nenhuma medicação chamada "diapiana".
 
Escitalopram é uma medicação do grupo dos inibidores seletivos de recaptura de serotonina e é usada na depressão e vários transtornos de ansiedade.
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A fibromialgia por si só constitui um transtorno psiquiátrico, apesar de que muitas doenças para as quais não se achava causas "físicas" (i.e., não psiquiátricas), no passado, passaram para a esfera da clínica médica, a partir do momento em que estas causas foram determinadas.
 
Não há conhecimento da origem da fibromialgia, sendo uma das hipóteses a presença de uma sensibilidade dolorosa exagerada a certos estímulos, ausente nas pessoas normais.
 
Por outro lado se sabe que a depressão e a ansiedade podem, justamente, aumentar a sensibilidade à dor, de modo que se a pessoa estiver com um destes transtornos e ele for tratado, é possível que a dor da fibromialgia melhore muito ou mesmo desapareça.
 
Finalmente, antidepressivos estão entre os principais tratamentos da fibromialgia.
 
Entretanto, você não deixa claro se tem mesmo um diagnóstico cuidadoso de fibromialgia ou se é você que está supondo a sua existência, inclusive comentando que é decorrente de depressão profunda - sendo que fibromialga não é consequência de depressão, apenas pode piorar com ela.
 
Assim, deve consultar um psiquiatra para avaliar seus supostos transtornos psiquiátricos (depressão e ansiedade) e tratá-los. É possível que ele mesmo trate a fibromialgia mas, se não for o caso, após ou durante o tratamento da depressão e da ansiedade, pode também consultar um reumatologista.